quarta-feira, 25 de março de 2009

Remessas ao exterior da Camargo Corrêa somam ao menos R$ 20 milhões, diz MPF


Operação Castelo de Areia, da PF, prendeu dez pessoas nesta quarta.
MPF diz que há doações a partidos; empresa diz estar dentro da legalidade.
O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo informou nesta quarta-feira (25) que as remessas de dinheiro ao exterior feitas pela construtora Camargo Corrêa, alvo de investigação da Polícia Federal, somam pelo menos R$ 20 milhões.
Nesta manhã, a PF iniciou uma operação que resultou na prisão de dez pessoas por suspeita de envolvimento em um esquema de remessa ilegal de dinheiro da construtora para o exterior por intermédio de doleiros que atuam no Brasil e em outros países. Segundo o MPF, foi criado um esquema sofisticado de operações de câmbio e transferências bancárias. O suposto esquema de corrupção teria desviado dinheiro de obras públicas superfaturadas para abastecer contas ilegais no Uruguai, nas Ilhas Cayman, no Caribe, na Suíça e na Alemanha.
Em entrevista na tarde desta quarta, a PF não informou os valores das remessas enviadas ao exterior porque não descarta que parte do dinheiro tenha sido enviada de forma lícita. De acordo com o delegado regional de combate ao crime organizado da PF em São Paulo, José Alberto Iegas, serão analisadas cada uma das remessas.
O MPF diz que um dos doleiros investigados constituiu uma empresa de fachada localizada em uma estrada de terra no Rio de Janeiro, que emitia "remessas aparentemente legais para o exterior, rotuladas como pagamento de fornecedores."
Doações a partidos
Em nota, o Ministério Público diz que foram identificadas doações não-declaradas do grupo para ao menos três partidos políticos, mas fez a ressalva de que ainda é preciso apurar "quem são as pessoas e ou campanhas políticas beneficiárias dos recursos". O MPF afirma que a obra de construção de uma refinaria em Pernambuco foi superfaturada.
Coelho, girafa e gaivota
As investigações começaram após uma denúncia anônima feita à PF em janeiro deste ano. As investigações chegaram a um doleiro suíço, naturalizado brasileiro, que falava com diretores da empresa por meio de códigos, usando nomes de animais para se referir a pessoas e moedas, de acordo com o MPF. Os mais usados eram coelho, camelo, girafa, canguru e gaivota.
Os investigados utilizavam sistemas mais difíceis de serem interceptados, segundo o Ministério Público, como VoIP (voz pela internet) e Skype, um serviço de mensagens de texto e voz pela rede, além de sistemas criptografados.
Outro lado
Por meio de nota, a Camargo Corrêa disse que ainda não teve acesso ao teor do processo que autoriza a ação.
"O grupo reafirma que confia em seus diretores e funcionários e que repudia a forma como foi constituída a ação, atingindo e constrangendo a comunidade Camargo Corrêa e trazendo incalculáveis prejuízos à imagem de suas empresas."
Ainda segundo a nota, em 2008, o grupo faturou cerca de R$ 16 bilhões.
Por meio de nota, a Camargo Côrrea afirmou que cumpre "rigorosamente com todas as suas obrigações legais".
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Do G1, em São Paulo
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